terça-feira, dezembro 09, 2008

O Triste




O
triste levanta as 10 horas da manhã ainda com sono. Ele olha no espelho e vê o esboço do que seus pais tanto sonharam. As memórias do triste trazem alegrias e desgraças. Ele pensa em que desgraçado segundo sua vida ruiu, seu sonho virou poeira e suas mazelas tomaram rédeas de sua vida. Mas como todo triste , ele ainda sonha... Sonha e pensa que tudo vai virar felicidade ( e pensa cegamente nisso), que os filhos um dia enfeitaram seu jardim colorido e que o natais serão como há décadas atrás. Ele faz seu trajeto rotineiro de cada santo dia, percebe o perfume nos cabelos da menina que senta ao seu lado na vã e imagina como seria divino sentir aquilo mais de perto. O triste vive num mundo onde nada é ruim e divaga, o que faz sua tristeza se agravar ainda mais. O triste esqueceu que todo sonho custa caro e ele não tem dinheiro nem pra voltar pra casa, nem pra tomar uma pinga e quem dirá um ônibus... Ele vai voltar a tardinha contando as flores e admirando o mar nervoso que destroe a orla furiosamente. O triste uma vez comparou a fúria do mar com um olhar que recebeu de uma pessoa que amava muito...
O samba triste que tocava num bar encardido a beira mar chamou atenção do triste. Naquele instante, meio que por instinto, o triste sentou na ultima cadeira e pediu um conhaque. Bebeu e batucou o samba inteirinho na mesa, misturando o amargor da bebida com os dissabores daqueles últimos meses. Pensou na ponte do mar, no alto do prédio , pensou na garrafa inteira de conhaque , pensou na corda no pescoço e só o que lhe desviou o pensamento foi o amor que ainda amarrava a condição de um triste a continuar, amor este que respondia pelos nomes de amanhã, desejo  e esperança.

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