quinta-feira, agosto 30, 2007

O Coração sem Cabeça


O espaço solitário do peito novamente servia de impulso para perambular pelas ruas noturnas. A ânsia que não cabia em seu quarto não sabia de que alimento raro necessitava aquele corpo . Saia sem rumo com um cigarro lento no canto da boca e passos rápidos. Os bares eram os principais cúmplices de tamanho questionamento e avidez pelo não sei o que. A cerveja gelada no copo, a bela mulher de vermelho sorrindo, o cheiro do mato queimando no mato e o vento sempre presente do mar, eram pintados no cenário da alma que já não estranhava toda cor que morava ali.Não sabia se precisava de um beijo novo ou de um milagre.Tinha ainda a esperança de que um poema brotasse la do inexplicável , salvando assim uma fatia daquela noite.Outra cerveja na mesa e o mundo girando.Nada de novo no mar das antigüidades. O horror de ver o nada aumentado feito fogo causava a acidez de imaginar o reencontro com a casa.O que amar nessa noite de lua sem igual??O que acender nesse frio constante??Quantas horas serão no outro lado da vida??As perguntas de sempre, o vazio aumentado.O coração precisava de ferias conjuntas com o cérebro. Talvez depois de uma longa conversa eles resolvessem mudar de função pôr algum tempo. A cabeça do coração. O coração sem cabeça.Iria tudo se ajustar depois desse choque improvável de nao sei quantos mil woltz??Faz muito tempo que sinais de inquietação brilham nesse escuro. A hora que passa não deixa saudades e não planta nenhuma inspiração. Mas alguem havia falado no absurdo...Subitamente um beijo novo acontece. De repente um milagre ecoa lá do alto do céu. Numa bomba de magia aparece um poema dobrando a esquina em alta velocidade. Ele veio louco, atropelando suas ruínas, gritando alto e sorrindo verdadeiramente. O poema esta incontido, intransigente e faz questao de estremecer a galáxia . Ele usa uma bandeira nova onde esta escrito em tons berrantes e únicos: Sou vivo! Sou vivo ! Sou vivo !E se seguia uma chuva nova, um apocalipse de palavras. Outros versos vieram despencados do céu sem avisar. A mulher de vermelho já embriagada apaixonou-se por um dos poemas vindos do desconhecido. As mesas se tornaram tao vivas que ate as flores pintadas na toalha que as enfeitavam pareciam dançar nas curvas do aconteciemento . As horas já não importavam mais. O impossível se vestiu de gala pra brindar aquele momento.Agora sim, a casa fantasma estava totalmente apagada, escondendo as sombras em gavetas de luz, totalmente adormecida por um estalo novo que o mundo inteiro costuma chamar de euforia !

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Filme na madrugada. Disco velho. Livro empoeirado. Caixa fechada. Coração trancado. Monossilabo. Plural. Só. Viajante . Caseiro.