sexta-feira, abril 02, 2010

Hora do Almoço



Estava tudo muito calmo para ser verdade. Parecia que seria sempre esse sol de verão, essa gente passando pra la e pra cá acompanhados pela monótona alegria dos vira-latas.
Eu, que havia parado de beber e de fumar, comecei a reparar mais de perto esse circo de surpresas que me rondava há tempos. Me encantava cada feição, cada pedaço fracionário de emoções que borbulhavam em cada um que perambulava pelo mundo, pelo mundo que meus olhos presenciavam!
Era cada cor mais diferente que a outra. Cada tom, cada particularidade e outras mil peculiaridades. Era um circo vivo e eu como maravilhado expectador! Quantos sonhos ?
Quantas alegrias? Quantas mágoas?? Enlouquecia minha mente com essa bagunça organizada. Eu so pensava no copo, no estalo do gelo provocado pelo impiedoso whisky, pensava na fumaça perturbadoramente calma que saia dançando do meu cigarro...O pior é que eu precisava voltar. Presisava voltar para o que me restava de certo. Para o que ainda mantinham meus pés no chão e minhas mãos longe de uma idéia absurda. De um desvario fatal!
Recolhi-me junto a minha mesa. Olhei perplexo as gavetas, o telefone chato, o ar - condicionado
que me impunha condições de calor e frio, e pra minha salvação encontrei a tela branca do computador, que , contra minha vontade eterna, fazia as vezes da minha saudosa folha de papel ofício!

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Filme na madrugada. Disco velho. Livro empoeirado. Caixa fechada. Coração trancado. Monossilabo. Plural. Só. Viajante . Caseiro.