
Olavo Bilac
Nunca morrer assim!
Nunca morrer num dia
Assim! De um sol assim!
Tu, desgrenhada e fria,Fria!
Postos nos meus os teus olhos molhados,
E apertando nos teus os meus dedos gelados...
E um dia assim!
De um sol assim!
E assim a esferaToda azul, no esplendor do fim da primavera!
Asas, tontas de luz, cortando o firmamento!
Ninhos cantando! Em flor a terra toda!
O ventoDespencando os rosais, sacudindo o arvoredo...
E, aqui dentro, o silêncio... E
este espanto! E este medo!
Nós dois... e, entre nós dois, implacável e forte,A arredar-me de ti, cada vez mais a morte...E
u com o frio a crescer no coração, — tão cheioDe ti, até no horror do verdadeiro anseio
Tu, vendo retorcer-se amarguradamente,A boca que beijava a tua boca ardente,
A boca que foi tua!E eu morrendo!
E eu morrendo,Vendo-te, e vendo o sol, e vendo o céu, e vendo
Tão bela palpitar nos teus olhos, querida,
A delícia da vida!
A delícia da vida!
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